Em Desenvolvimento
A essência modernista regressa a uma das propriedades mais emblemáticas do Estoril
Uma referência no Estoril ao longo de décadas, o terreno intervencionado pelo Atelier Nunes da Silva foi outrora palco de festas glamorosas nos seus extensos jardins e de missas privadas na sua pequena capela.
Após sucessivas deturpações ao projeto inicial de raiz vanguardista, o edifício absolutamente descaraterizado dá agora lugar a um empreendimento de nove casas cuja estética reflete a corrente modernista original.
Betão e Natureza
De cor e textura terra, o empreendimento em reboco areado é, sob todos os pontos de vista, o resultado de uma relação simbiótica entre betão e natureza, interior e exterior, densidade e leveza: o revestimento suaviza um rigor quase brutalista, terraços ajardinados e vidros altos cortam os volumes quadrangulares dos edifícios, quedas de água e piscinas refletem a vegetação circundante.
Acopladas em cinco unidades distintas, todas as casas são diferentes entre si – não apenas pela lógica inerente de personalização, como também para maximizar a privacidade e as vistas de mar, tendo em conta o desnível de vinte metros de um extremo ao outro do terreno.
Evocando o jogo de sombras no jardim sobre o qual assentam, os edifícios equilibram um aspeto monocromático com subtis gradações na paleta de cor neutra.
Nos interiores, a paleta castanha e bege repete-se, assim como a abordagem minimalista a formas e volumes, e o papel de destaque atribuído à textura, incluindo acabamentos rugosos nas superfícies, polimentos escovados, e madeiras envelhecidas.
Jardim Mediterrânico
Restringindo o uso de muros, o jardim joga com rochas e vegetação para definir uma narrativa espacial intuitiva entre e através das casas, mediante caminhos privados e partilhados, entrecortados por múltiplos pátios.
Para além de delinear padrões de movimento, o jardim esculpe áreas verdes por cima do cimento, e incute ao empreendimento uma forte estética mediterrânica, pautada por altos ciprestes e oliveiras abundantes, a par de pequenos arbustos locais.
Na ponta mais afastada do terreno em relação ao mar, a pequena capela frequentada por reis, duques e princesas no pós-guerra foi cuidadosamente restaurada.
Para fortalecer a sensação de paz e tranquilidade na propriedade, um túnel e parque subterrâneos foram desenhados para evitar a presença de carros no exterior. O túnel, no entanto, assemelha-se quase a uma continuação do jardim, graças às múltiplas aberturas por entre as quais o céu espreita, e a folhagem se escapa.
A um passo de distância, o mar e o horizonte longínquo insinuam-se nas janelas e nos terraços, enquadrados pela densa vegetação.